sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Dissertação e Cora Coralina

Tenho ficado horas a fio na frente do computador tentando concluir minha dissertação. Sinto muita culpa quando não consigo render nada e acabo me desviando para sites inúteis, apenas para não abandonar meu posto informático que carrega todo o resquício católico, trabalhador e culpado existente na maioria das pessoas ditas “normais”.


Penso em como queria estar fazendo outra coisa, como queria estar envolvida com uma questão mais corporal e menos cerebral. E aí me lembro de um poema incrível da Cora Coralina, no qual ela diz com extrema franqueza que a mulher tem algo corporal mais profundo, da vida, da beleza. E fico com muita raiva das feministas, que nos impuseram uma labuta múltipla e nos tiraram o que tínhamos de melhor.


Não! Mas também não queria voltar aos tempos de minha bisavó, quando os homens eram senhores do nosso destino. Mas fico pensando se não teria outra forma de caminharmos lado a lado com os homens, sem querer ser iguais a eles. Sinto que a diferença está ficando para trás e ela é tão cheia de sabor...


Tenho saudades de algo que nunca vivi. Tenho saudades de ser cortejada a moda antiga. Tenho saudades de viver a maternidade. Tenho saudades de ser simplesmente mulher.
Bom, aí vai o poema da Cora Coralina que em absolutamente nada tem a ver com a minha dissertação.

Renovadora e reveladora do mundo 

A humanidade se renova no teu ventre. 
Cria teus filhos, 
não os entregues à creche. 
Creche é fria, impessoal. 
Nunca será um lar 
para teu filho. 
Ele, pequenino, precisa de ti. 
Não o desligues da tua força maternal. 
Que pretendes, mulher? 
Independência, igualdade de condições... 
Empregos fora do lar? 
És superior àqueles 
que procuras imitar. 
Tens o dom divino 
de ser mãe 
Em ti está presente a humanidade. 

Mulher, não te deixes castrar. 
Serás um animal somente de prazer 
e às vezes nem mais isso. 
Frígida, bloqueada, teu orgulho te faz calar. 
Tumultuada, fingindo ser o que não és. 
Roendo o teu osso negro da amargura.


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